DÔ MINHOCA
Desde
pequena Dô gostava de dormir, e muito.
Bastava
esticar o corpo um pouco de lado e ela logo estava dormindo.
Esticada,
enrolada de cabeça para cima, cabeça para baixo.
De
qualquer jeito Dô embalava um sono que ia até o dia seguinte.
A
comunidade das minhocas era bem agitada.
Ocupadas
em fazer coisas, cavar buracos e realizar tarefas sem parar.
Dô
gostava disso, só que tanto trabalho dava muita fome e depois de comer, logo ia
cochilar um pouco...
As
minhocas comem de tudo: pedaços de folhas, frutas, raízes, etc.
Dô
sabia que este trabalho debaixo da terra criava um ambiente rico em plantas e
bichos, um mundo que ela sonhava em conhecer melhor Dô tinha muitos amigos.
Ângulo
só andava em linha reta, sempre com pressa.
Espiral
vivia enrolado, fazia tudo de trás para frente, e Pincel era pintor.
Dô
tinha uma paixão secreta pelo artista e sonhava com ele pintando seu retrato.
Certo
dia a terra tremeu.
Uma
pá abriu um buraco e um homem apanhou um monte de minhocas e jogou num balde para
usar como isca numa pescaria.
As
minhocas se remexiam tentando fugir e Dô também ficou presa ali.
Dô
foi parar num anzol e levou um choque com a água gelada.
Foi
engolida pelo peixe e na barriga dele estava tão quentinho que ela acabou
dormindo.
Não
viu nem o peixe ser pescado pelo homem e ser limpo e colocado numa panela.
Um
gato miando chamou a atenção da cozinheira.
Como
havia muitos peixes ela acabou dando um para o bichano esfomeado.
Dô
tinha acabado de acordar e então viu a boca do gato carregando o peixe feliz da
vida .
O
cachorro já esperava o gato para atacar e os dois ficaram correndo em volta da
casa.
Quando
ia ser pego o felino deu um salto e pulou para uma janela em que o cão não
alcançava.
Ficou
latindo e rosnando até cansar.
O
gato teve paciência e esperou ficar tudo calmo antes de sair para comer sua
refeição.
Mas antes de
pular para o chão Dô Minhoca saiu da boca do peixe e olhou com curiosidade para
aquelas novas paisagens.
Dô olhou o sol
vermelho descer e depois a lua prateada subir devagar.
Até perdeu o
sono e passou a noite acordada querendo entrar naqueles buraquinhos de
estrelas.
Nunca imaginou
que o mundo podia ser tão grande.
De manhã Dô foi
pega por um pássaro que procurava alimento.
Ele voou alto e
Dô se debateu muito.
Seu rabo acabou
batendo no olho do pássaro, que a soltou.
Ela caiu lá de
cima sobre a grama fofa sem se machucar.
Ao encontrar um
Caracol que usava uma concha como casa, Dô gostou da idéia e fez o mesmo.
Mas acabou
achando que assim andava muito devagar e resolveu voltar sua vida de minhoca e
ver se encontrava o caminho do minhoqueiro.
Dô cavou,
revirou mas não achou o caminho de casa.
Já estava
desistindo quando Ângulo apareceu dizendo que estavam todos preocupados.
Dô ficou aliviada
e feliz ao saber que haviam preparado uma grande surpresa para ela.
Em casa, Dô
encontrou os amigos na exposição de quadros de Pincel.
E o que estava
fazendo mais sucesso era o retrato dela!
Seu coração de
minhoca disparou e ela desmaiou de cansaço e felicidade.
Agora Dô queria
mesmo dormir, sonhar e acordar de verdade.
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